Amadores tentam técnicas de engenharia genética em casa
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da Associated Press, em San Francisco
Os equipamentos do laboratório são caseiros, e o conhecimento científico é obtido por meio da internet. Ainda assim, algumas pessoas estão se aventurando na criação de novas formas de vida com os conhecimentos de engenharia genética --um caminho geralmente longo, e trilhado por PhDs de universidades e de laboratórios corporativos.
Em São Francisco, por exemplo, a programadora Meredith L. Patterson, 31, tenta desenvolver uma alteração genética na bactéria de iogurtes, que os tornaria fluorescentes na presença de melamime, substância mortal que intoxicou crianças na China em outubro deste ano.
"As pessoas podem trabalhar de forma concreta em projetos para o bem da humanidade, se realmente quiserem aprender sobre os assuntos", disse.
Seus conhecimentos em engenharia genética provêm de artigos científicos e sugestões de comunidades virtuais. Ela ordenou o código genético de uma bactéria fluorescente por menos de US$ 100. Construiu seu próprio laboratório que inclui um analisador de DNA que ela fez, com custo de US$ 25.
Até agora, entretanto, nenhum gênio da engenharia genética saiu de cozinhas ou garagens.
Críticos do movimento temem que os experimentos dos cientistas caseiros causem um desastre médico ou ambiental. Defensores, em contrapartida, dizem que o futuro Bill Gates da biotecnologia está desenvolvendo a cura do câncer na garagem.
Muitos desses amadores estudaram biologia no ensino médio, mas não têm conhecimentos avançados, e também não possuem vivência no campo da biotecnologia. Alguns, orgulhosamente, se auto-intitulam "bio-hackers" -inovadores que ultrapassam as barreiras tecnológicas e do conhecimento, em detrimento dos lucros.
Um grupo de Cambridge chamado DIYbio está criando uma comunidade laboratorial, na qual o público poderá usar produtos químicos e equipamento de laboratório, incluindo o uso de um freezer a 80°C abaixo de zero -temperatura necessária para manter alguns tipos de bactérias vivas.
O co-fundador do grupo, Mackenzie Cowell, 24, diz que os amadores provavelmente tentarão enveredar por um trabalho sério, como novas vacinas ou biocombustíveis muito eficientes, mas que eles também podem tentar, por exemplo, usar genes de lulas para criar tatuagens fluorescentes.
"A criatividade ilimitada pode trazer descobertas importantes. Vamos tentar fazer a ciência ser mais sexy e mais divertida, como um videogame", diz o jovem, que é formado em biologia.
Jim Thomas, do observatório e biotecnologia ETC Group, advertiu que organismos sintéticos nas mãos de amadores podem escapar --e provocar surtos de doenças incuráveis ou imprevisíveis os danos ambientais.
"Depois de passar para pessoas que trabalham nesses locais informais, não há processo de segurança no local", disse ele.
Alguns também temem que terroristas possam tentar o "faça-você-mesmo" da engenharia genética. Mas Meredith Patterson rebate: "Um terrorista não precisa ir ao DIYbio. É mais simples. Eles podem se matricular na escola da comunidade e ter acesso ao conhecimento."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cien ... 3403.shtml
Pra quem se interessar pela idéia e quiser criar seu próprio virus mortal, organismo sintético perigoso ou causar um desastre ambiental:
http://openwetware.org/wiki/DIYbio/FAQ