Dois códigos morais

[Fernando Silva]

Nenhum jornalista brasileiro chama de traidor o capitão Lamarca, que desertou do Exército levando armas roubadas, para matar seus ex-companheiros de farda. Traidor é Anselmo, que se voltou contra a guerrilha após tê-la servido. Anselmo desmontou num instante a armadilha semântica, mostrando que existe outra escala de valores além daquela que o jornalismo brasileiro, com ares da maior inocência, vende como única, universal e obrigatória.

E onde estaria essa tal de "imprensa golpista" que alguns foristas tanto criticam por aqui?
Ou ela seria apenas uma outra facção dos esquerdinhas?

[Ayyavazhi]

Nenhum jornalista brasileiro chama de traidor o capitão Lamarca, que desertou do Exército levando armas roubadas, para matar seus ex-companheiros de farda. Traidor é Anselmo, que se voltou contra a guerrilha após tê-la servido. Anselmo desmontou num instante a armadilha semântica, mostrando que existe outra escala de valores além daquela que o jornalismo brasileiro, com ares da maior inocência, vende como única, universal e obrigatória.

E onde estaria essa tal de "imprensa golpista" que alguns foristas tanto criticam por aqui?
Ou ela seria apenas uma outra facção dos esquerdinhas?

Fernando, não vou entrar no mérito se existe ou não essa tal imprensa golpista. Considero-me um analfabeto político, mesmo reconhecendo ser um grave erro, e não me habilito a discutir o que não conheço. Mas gostaria que você comentasse algumas questões apresentadas no texto (já que você, aparentemente, o contesta). Respeito muito sua opinião e por isso quero ouvi-lo.

O texto mente? Os jornalistas não se mostraram indignados com a morte da namorada de Anselmo, ignorando que a mesma tramava a morte do namorado? Os entrevistadores não tentaram construir uma imagem de traição, referindo-se unicamente à traição ao movimento guerrilheiro, desprezando a traição primeira, às forças armadas? Os números de mortes e presos políticos da ditadura militar brasileira foram adulterados? Os números dos regimes comunistas estão corretos? Repito a pergunta, o texto mente? Eu selecionei umas poucas informações e, com pouca atenção, podemos extrair muitas outras da matéria, a começar pelo próprio texto que você quotou. Falo de informações e não de opiniões e simpatias. Em que pese a transparente condução do articulista, desenhando uma imagem enevoada da imprensa nacional, atenho-me unicamente às informações apresentadas.

Sei que fiz muitas perguntas (e são poucas no contexto), então, responda da forma que achar mais conveniente. Não estou apresentando nenhuma refutação, isto não é, nem de longe, um contra-argumento. Estou procurando elementos para fundamentar minha própria compreensão do assunto.

[Apo]

O que eu observo é que, horas a imprensa é golpista, horas é governista, horas é irrelevante, horas sabe o que nós não sabemos. Depende da música que toca e pra quem toca.

[Acauan]

O que eu observo é que, horas a imprensa é golpista, horas é governista, horas é irrelevante, horas sabe o que nós não sabemos. Depende da música que toca e pra quem toca.

Quando os militantes do PT convocavam pela televisão em horário nobre manifestações ditas de massa sob o slogam "FORA FHC!", sob o patrocínio do MST, sindicatos e agremiações de esquerda, segundo os próprios estavam apenas exercendo seu direito democrático de livre expressão política.
Agora que esta corja está no poder, reportagens com denúncias sobre a corrupção no governo são respondidas com acusações de "imprensa golpista" e sugestões de represálias similares às tomadas por seu ídolo, Hugo Chavez. Note-se que nem se preocupam em averiguar a veracidade das denúncias antes.
Até perguntar coisas como "por que meios o filho do presidente, há bem pouco um modesto funcionário de zoológico, se tornou um multimilionário nos anos de governo do pai?" é considerado pressão golpista pela turminha.

Pois é.
Se alguém convocasse uma manifestação "Fora Lula!" teria petista pedindo lei marcial.

[Apo]

O que eu observo é que, horas a imprensa é golpista, horas é governista, horas é irrelevante, horas sabe o que nós não sabemos. Depende da música que toca e pra quem toca.

Quando os militantes do PT convocavam pela televisão em horário nobre manifestações ditas de massa sob o slogam "FORA FHC!", sob o patrocínio do MST, sindicatos e agremiações de esquerda, segundo os próprios estavam apenas exercendo seu direito democrático de livre expressão política.
Agora que esta corja está no poder, reportagens com denúncias sobre a corrupção no governo são respondidas com acusações de "imprensa golpista" e sugestões de represálias similares às tomadas por seu ídolo, Hugo Chavez. Note-se que nem se preocupam em averiguar a veracidade das denúncias antes.
Até perguntar coisas como "por que meios o filho do presidente, há bem pouco um modesto funcionário de zoológico, se tornou um multimilionário nos anos de governo do pai?" é considerado pressão golpista pela turminha.

Pois é.
Se alguém convocasse uma manifestação "Fora Lula!" teria petista pedindo lei marcial.

Esta turminha, que se prestou a ser exilada e torturada em outros tempos e que foi às ruas contra todo aquele que não era de sua linhagem, agora mostra as garras nitidamente tiranas porque estão no poder. Não me assombra em nada.
O que me assombra é continuarem comparando Lulla e seus cumpanhero, quando Lulla é agora uma caricatura grotesca do que foi, quando o partido se desmantela e se reorganiza, aliando-se aquela corja que estava afastada da mídia e que agora aparece em francas negociações.
Será que lavagens são assim tão fortes que não distinguem mais a ideologia que as corrompeu os miolos do que se passa em novos tempos de poder totalitarista através da anistia irrestrita da corja circense de todos os tempos?

Acho que eles se perderam como se perde o crente quando o templo desaba. Melhor se agarrar no caos do que descobrir a saída e admitir que os ratos tomaram conta.

Como eles não têm mais a quem culpar, sobra pra mídia.

[Fernando Silva]

O texto mente? Os jornalistas não se mostraram indignados com a morte da namorada de Anselmo, ignorando que a mesma tramava a morte do namorado? Os entrevistadores não tentaram construir uma imagem de traição, referindo-se unicamente à traição ao movimento guerrilheiro, desprezando a traição primeira, às forças armadas?

Eu acho que esta reportagem é uma boa mostra da lavagem cerebral que as esquerdas fizeram com as duas últimas gerações, pelo menos.

A minha pergunta é:
Onde está essa imprensa golpista? Golpista contra quem?
Grande parte da imprensa é de esquerda e endeusa os antigos terroristas, como estes mostrados no artigo.
A sociedade já é toda de esquerda, sem perceber, pois recebeu a ideologia no leite da mamadeira.
Quando aparece alguém falando mal do Lula ou defendendo o capitalismo, a massa corre a chamá-los de "golpistas".

Afinal, é golpismo ou luta entre facções de esquerda?

Remar contra a ideologia dominante é golpismo? Ou liberdade de expressão?