Religião é Veneno. Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico.
Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Vim de cidade grande. Nasci em São Caetano do Sul, SP. Estava sempre em contato com italianos, falava um português italianado que só quem viveu a vida perto de italianos aqui no Brasil conhece... e nem se dá conta. Pois então, eu falava italianado quando era criança e não sabia disso. Até que vim morar no interior... há 30 anos.
Preconceito? Sei sim o que é isso. E eu não tinha uma religião diferente, nem sou tão diferente assim, vai. Só que eu era um ET no meio de outras crianças que viviam aqui no interior há 30 anos e que de forma alguma estavam acostumadas a falar nem ouvir falar do jeito que eu falava. E eu achava o jeito delas falarem horrível... assim não sentia tanto quando elas me apontavam dizendo: - Ói como qui ela é branca! Lumeia! Ô espichada! Sã, você num si pareci nada com a gente... e lá ía eu pro canto e, se brincava na escola, sempre alguma inspetora ficava por perto prá evitar que eu machucasse os pequeninos... e eles tinham a mesma idade que eu.
Eu só era 20 a 30cm mais alta, mas isso nem era problema... o problema maior é que eu já estava alfabetizada, montando frases, lendo e escrevendo e eles ainda no vovó vê a uva... e a professora me excluía para não desestimular os demais: eu não podia mostrar o quanto eu sabia, pronto!
Vivi 1 ano e meio desse jeito até que mais uma menina de São Paulo veio estudar naquela escolinha. E eu fiquei tão feliz! Ela era mais ou menos do meu tamanho, falava do mesmo jeito! E ela também gostou de me encontrar ali, a gente falava das mesmas coisas, brincava do mesmo jeito, tinha pais operários, não era filho de fazendeiro nem dono de alambique...
Não demorou nada para que outras crianças nos achassem metidas, esnobes, e assim elas começaram a nos excluir de todas as brincadeiras possíveis, fazendo com que a gente se unisse ainda mais. Assim, diante dessa postura "racista" dos demais, eu e ela comprávamos o lanche uma para a outra, nós nos ajudávamos uma a outra com as lições, com o entendimento das aulas, sentávamos juntas... e resolvemos criar um grupo restrito, onde taubateanos "autóctenes" não entravam!
Com o tempo mais gente foi chegando e nós ciceroneávamos os recém chegados. A Ford de Taubaté chamava o restante do quadro de funcionários, assim como a Volkswagen. Já não éramos alguns mas uns poucos que com o tempo se tornariam muitos e aos poucos, a sensação de precisar da companhia dos "iguais" foi passando... mas foi bem forte no começo. E aos taubateanos não restavam muitas opções não: era só nos aceitar ou viver correndo da gente...
Até hoje eu destôo da gente daqui. É uma questão genética, ser alta, ter uma cultura diferente, gostar de coisas diferentes. Já não me apontam mais na rua, nem eu me sinto excluída. Mas ainda é um prazer imenso conhecer gente que é da minha terra... e é um prazer maior ainda ouvir o sotaque tão peculiar do pessoal mais velho de São Paulo quando eu vou prá lá, aquele jeito italianado, cantado e gritado de falar.
Isso lembra alguma coisa? Lembra sim... que muitas vezes os diferentes que são iguais em alguma coisa se vêem forçados a formarem grupos para sobreviverem em meio aos demais diferentes. Com os judeus não tem sido diferente disso... nem com os brancos vivendo num países de negros, nem com negros vivendo em países de brancos, nem amarelos vivendo em meio a nórdicos, nem com ateus vivendo no meio da crentaiada... é assim. Somos esnobes, metidos, excludentes e excluídos: somos OS DIFERENTES! E se quiserem fazer parte, não dá, infelizmente, já que não se pode mudar a ascendência genética, os costumes enraizados, o conjunto de crenças só por opção. Tem que fazer parte, ou não...
[center]Postado em abril/2003 - Lista Noosfera - Yahoogroups[/center]
João Carlos, penso que um enorme número de pessoas passou por situação semelhante, pelo menos eu passei, e não teve grupinho para escapar...
Sobrevivi, ou talvez nem por isso...
Interessante estudar o tema para entender o que leva a humanidade a estar tão dividida...grande imaginação a minha...
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido
Pug escreveu:João Carlos, penso que um enorme número de pessoas passou por situação semelhante, pelo menos eu passei, e não teve grupinho para escapar... Sobrevivi, ou talvez nem por isso...
Interessante estudar o tema para entender o que leva a humanidade a estar tão dividida...grande imaginação a minha...
Uma formação emocional saudável exige certa possibilidade de escolha de papéis, Pug. Basicamente, é preciso ter oportunidades de se sentir aliado e identificado com outras pessoas, bem como de se impor contra a vontade delas.
Talvez tenha a ver com a bioquímica também. Poder "sincronizar" o que se sente com o que se tem correndo no sangue e expressar ambos de formas que harmonizem com o reforço social.
Isolamento e alienação causam um dano ENORME, eu até simpatizo com a Cida nesse ponto. Você sabe como eu detestei ter de mudar de endereço com tanta frequência na minha formação. Até hoje fico deduzindo em vez de simplesmente percebendo o que esperam de mim em situações sociais...
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
Vejo com normalidade um teísta ser dirigente da ateus Brasil!
Será que os outros membros sentiriam o mesmo?
outro exemplo,
Um individuo sente-se identificado com determinado grupo, mas é noutro que se sente melhor...
Não é solução o isolamento por sermos essencialmente seres sociaveís, fico sempre desconfiado com pessoas que ficam dizendo ser anti-sociais, no minimo, prefiro dizer, alguma dificuldade de sociabilização...
Editado pela última vez por Pug em 04 Fev 2006, 09:45, em um total de 1 vez.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido
Vejo com normalidade um teísta ser dirigente da ateus Brasil!
Será que os outros membros sentiriam o mesmo?
outro exemplo,
Um individuo sente-se identificado com determinado grupo, mas é noutro que se sente melhor...
Não é solução o isolamento por sermos essencialmente seres sociaveís, fico sempre desconfiado com pessoas que ficam dizendo ser anti-sociais, no minimo, prefiro dizer, alguma dificuldade de sociabilização...
Acho que não prestei atenção... quem propôs que isolamento é solução, Pug?
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
salgueiro escreveu: Principalmente, depois de adultos, somos o que desejamos ser
Somos... SE temos a bagagem, estrutura e conhecimento suficientes para tal. O que não é de forma alguma garantido, pelo contrário.
Correndo o risco de ser preconceituoso ou superficial, será que você não está dando um pouco de excesso de crédito à Doutrina Espírita? Nós NÃO temos necessariamente a situação exata que merecemos ou que pedimos para ter. Até porque muitas vezes não conseguimos entender o tamanho do buraco em que nos metemos.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
salgueiro escreveu: Principalmente, depois de adultos, somos o que desejamos ser
Somos... SE temos a bagagem, estrutura e conhecimento suficientes para tal. O que não é de forma alguma garantido, pelo contrário.
Correndo o risco de ser preconceituoso ou superficial, será que você não está dando um pouco de excesso de crédito à Doutrina Espírita? Nós NÃO temos necessariamente a situação exata que merecemos ou que pedimos para ter. Até porque muitas vezes não conseguimos entender o tamanho do buraco em que nos metemos.
Nananinanão . Sempre é resultado de desejo íntimo, sem ligação com bagagem ou conhecimentos
E. essa conclusão é anterior ao meu contato com a doutrina
O grande X, é como lidamos com as situações. No tópico, o que é abordado, é preconceito. Não adianta se listar uma série de eventos como "desculpas " para o fato de se praticar o que se condena. Só é confortável prá si mesmo
salgueiro escreveu: Principalmente, depois de adultos, somos o que desejamos ser
Somos... SE temos a bagagem, estrutura e conhecimento suficientes para tal. O que não é de forma alguma garantido, pelo contrário.
Correndo o risco de ser preconceituoso ou superficial, será que você não está dando um pouco de excesso de crédito à Doutrina Espírita? Nós NÃO temos necessariamente a situação exata que merecemos ou que pedimos para ter. Até porque muitas vezes não conseguimos entender o tamanho do buraco em que nos metemos.
Nananinanão . Sempre é resultado de desejo íntimo, sem ligação com bagagem ou conhecimentos
Acredito na sua sinceridade, Sal, mas essa afirmação parece tão arbitrária, sem fundamento...
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
Pug escreveu:João Carlos, penso que um enorme número de pessoas passou por situação semelhante, pelo menos eu passei, e não teve grupinho para escapar... Sobrevivi, ou talvez nem por isso...
Interessante estudar o tema para entender o que leva a humanidade a estar tão dividida...grande imaginação a minha...
É que pessoas são diferentes. Essa coisa de falar em igualdade é conversa fiada. E se encontram alguns iguais em alguns pontos e seguem com eles, seguirão pelo tempo em que essa identidade for mantida. Quando acaba, é hora de procurar outro grupo.
Quanto à humanidade... se é tão complicado manter relações estáveis e harmoniosas com pequenos grupos de pessoas, agradar a todos nesse mundinho de 6 bilhões é impossível...
salgueiro escreveu: Principalmente, depois de adultos, somos o que desejamos ser
Somos... SE temos a bagagem, estrutura e conhecimento suficientes para tal. O que não é de forma alguma garantido, pelo contrário.
Correndo o risco de ser preconceituoso ou superficial, será que você não está dando um pouco de excesso de crédito à Doutrina Espírita? Nós NÃO temos necessariamente a situação exata que merecemos ou que pedimos para ter. Até porque muitas vezes não conseguimos entender o tamanho do buraco em que nos metemos.
Nananinanão . Sempre é resultado de desejo íntimo, sem ligação com bagagem ou conhecimentos
Acredito na sua sinceridade, Sal, mas essa afirmação parece tão arbitrária, sem fundamento...
E o que é o desejo íntimo senão uma intuscepção (arbitrária ou não) do meio?
O ENCOSTO escreveu:No RS, muitos amigos meus me contam oque sofreram nas escolas publicas quando crianças. Eles só falavam alemão.
As crianças só ficavam pedindo para eles falarem palavras como terra: "Diga terra, vamos lá"! _ Téra.
E todo mundo ria.
Isso deixa uma criança com 6 anos complexada.
Culpa dos pais babacas que não ensinaram portugues e só falavam na lingua europeia em casa.
É que aprender a falar português quando se fala alemão é muito complicado. O mais fácil que esses grupos de imigrantes encontraram foi manter a língua natal entre si.
O problema é da descendência que acaba sentindo a necessidade de falar a língua da terra onde vive. E aí a tendência em se isolarem quando são ridicularizados... Acho que agora até entendo movimentos separatistas promovidos por essa gente, Encosto. Não concordo mas entendo.
Pug escreveu:João Carlos, penso que um enorme número de pessoas passou por situação semelhante, pelo menos eu passei, e não teve grupinho para escapar... Sobrevivi, ou talvez nem por isso...
Interessante estudar o tema para entender o que leva a humanidade a estar tão dividida...grande imaginação a minha...
É que pessoas são diferentes. Essa coisa de falar em igualdade é conversa fiada. E se encontram alguns iguais em alguns pontos e seguem com eles, seguirão pelo tempo em que essa identidade for mantida. Quando acaba, é hora de procurar outro grupo.
Quanto à humanidade... se é tão complicado manter relações estáveis e harmoniosas com pequenos grupos de pessoas, agradar a todos nesse mundinho de 6 bilhões é impossível...
Ena tantos 6 biliões.
Não queria tanto
É! causa sem interesse.
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido
Najma escreveu:Quanto à humanidade... se é tão complicado manter relações estáveis e harmoniosas com pequenos grupos de pessoas, agradar a todos nesse mundinho de 6 bilhões é impossível...
À primeira vista parece mesmo...
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
salgueiro escreveu: Principalmente, depois de adultos, somos o que desejamos ser
Somos... SE temos a bagagem, estrutura e conhecimento suficientes para tal. O que não é de forma alguma garantido, pelo contrário.
Correndo o risco de ser preconceituoso ou superficial, será que você não está dando um pouco de excesso de crédito à Doutrina Espírita? Nós NÃO temos necessariamente a situação exata que merecemos ou que pedimos para ter. Até porque muitas vezes não conseguimos entender o tamanho do buraco em que nos metemos.
Nananinanão . Sempre é resultado de desejo íntimo, sem ligação com bagagem ou conhecimentos
Acredito na sua sinceridade, Sal, mas essa afirmação parece tão arbitrária, sem fundamento...
Essa afirmação, Luis, vem de se lidar com a diversidade humana
A partir do momento em que vc coloca, a necessidade de conhecimento ou bagagem, eu discordo e coloco que a premissa, é a de se passar pela experiência, e a do preconceito engloba a todos, de uma forma ou de outra
Se o preconceito, de forma íntima, é rechaçado, o indivíduo não vai alimentá-lo de forma alguma. Colocar o " outro " como desculpa, é tirar de seus ombros a responsabilidade própria e se sentir confortável com a situação