Maometanos e o Caldeirão de fanatismos

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O ENCOSTO
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Maometanos e o Caldeirão de fanatismos

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Caldeirão de fanatismos
MARCELO RECH




Uma das características das guerras civis é que elas não são declaradas formalmente. Conflitos do gênero simplesmente irrompem, em geral desencadeados por duas forças: o ódio mútuo até então represado e o ataque a símbolos reverenciados pelo inimigo. O rancor entre xiitas e sunitas já havia deitado raízes no Iraque muito antes de Saddam Hussein ser desalojado do poder. Faltava a profanação do símbolo. Ela veio na forma da conspurcação de templos, entre eles a Mesquita Dourada de Samarra.

Rotas de saída de ditaduras são especialmente propensas a guerras civis. O súbito desaparecimento de cultos a personalidades e da repressão a manifestações é terreno fértil para que povos unidos na marra se entreguem ao ajuste de contas do passado. Assistiu-se ao fenômeno, por exemplo, na atabalhoada transição da União Soviética para uma colcha de repúblicas independentes ou que pretendiam sê-lo. O que a mão-de-ferro de Stalin uniu deu lugar a guerras civis regionalizadas, entre elas na Geórgia e na Chechênia, tão logo a sombra de Moscou se esvaeceu. A Iugoslávia do Marechal Tito era tida como um modelo de convivência de contrários. Morto o ditador, constatou-se que era uma confederação de rancores. Por mais de cinco anos, os Bálcãs foram ensangüentados por um conflito - assim como no Iraque - de fundo religioso: católicos croatas, muçulmanos bósnios e ortodoxos sérvios se engalfinharam em massacres sem fim até a intervenção decisiva da ONU.

No caso iraquiano, a perspectiva é mais assustadora ainda. Se a escalada não for contida com o desarmamento de espíritos, a guerra civil não é o pior pesadelo. No redemoinho de fanatismos religiosos do Oriente Médio, há possibilidade de o conflito transbordar para os vizinhos Irã, Síria, Jordânia e Arábia Saudita. Com todos metendo a colher no caldeirão iraquiano, é o mundo que vai ferver.
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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Re.: Maometanos e o Caldeirão de fanatismos

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A nova guerra iraquiana

Revoltados com a destruição de mesquita, xiitas promovem onda de violência que resulta na morte de pelo menos 130 pessoas em poucas horas
Bagdá




Iniciada com a explosão de uma mesquita xiita em Samarra, na véspera, a mais nova onda de violência do Iraque deixou ontem um saldo de pelo menos 130 mortos e 184 mesquitas sunitas parcialmente destruídas. Não bastasse já ser um arremedo de nação, o país agora corre o risco de se esfacelar em uma guerra civil que opõe as duas principais vertentes do islamismo.

No episódio mais grave, 47 sunitas foram mortos a tiros quando seguiam para o trabalho em uma fábrica de tijolos em Naharwane, a leste de Bagdá. A violência levou o presidente iraquiano, Jalal Talabani, a convocar uma reunião de emergência com políticos das duas facções. O líder apressou-se em encontrar culpados para a crise.

- Estrangeiros querem provocar uma guerra civil, mas nós não deixaremos - afirmou, em referência a extremistas vindos de outros países árabes.

Mais alta autoridade religiosa do Iraque, o aiatolá Ali Sistani também fez um apelo pela unidade. Apesar disso, a ruptura entre os dois grupos ficou ainda mais evidente após as eleições de dezembro de 2005, vencida pelos xiitas. A guerra civil é uma das perspectivas mais desastrosas para um país que ainda não conseguiu se reerguer quase três anos depois de ser invadido pelos EUA.

Enfrentar uma guerra dentro de outra (a dos rebeldes contra a ocupação) parece uma tarefa grande demais para um governo assentado sobre a frágil democracia iraquiana. Para muitos, porém, o conflito já começou e tem como marco inicial a destruição da Mesquita Dourada, em Samarra, na quarta-feira. Uma ação que não deixou nenhum morto, mas profanou um dos principais símbolos religiosos do xiismo.

A ela, seguiu-se uma sucessão de represálias: a resposta violenta dos xiitas gerou o boicote do principal partido sunita, o Islâmico Iraquiano, à formação de um governo liderado pelos rivais. No meio da confusão, três jornalistas da TV Al-Arabiya foram seqüestrados, mortos e tiveram os corpos abandonados em um vilarejo ao norte de Samarra, expondo o perigo crescente de se tentar mostrar essa guerra ao mundo.
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Trancado