Viagem pela Língua

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
Lúcifer
Mensagens: 8607
Registrado em: 26 Out 2005, 16:24
Gênero: Masculino
Localização: São Paulo
Contato:

Viagem pela Língua

Mensagem por Lúcifer »

NOVO MUSEU CONTA A HISTÓRIA DO IDIOMA PORTUGUÊS E VOLTA ÀS ORIGENS DO BRASIL

Inaugurado hoje na Estação da Luz, em um prédio construído em 1946, o Museu da Língua Portuguesa mostra, com bastante interatividade, a relação entre linguagem, cultura e identidade nacional. As instalações incluem a exibição de vídeos com narrações de textos, e há uma exposição em homenagem aos 50 anos do livro "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa.

O primeiro contato com a língua acontece nos elevadores, onde é tocado o tempo todo um mantra cantado por Arnaldo Antunes. Outras atrações são a escultura "Árvore da Língua", a Praça da Língua, com reprodução de trechos de livros pelo chãoi, a Linha do Tempo, com a história do português falado no Brasil, e um painel de 106 metros, que mostra a fala popular cotidiana.

Orçado em R$ 37 milhões, o museu é uma realização da Fundação Roberto Marinho e por outros parceiros.

O museu irá funcionar de terça-feira a domingo, das 10:00 às 18:00 horas. A intenção é atrair, principalmente, os 300 mil passageiros que circulam diariamente pela estação, que conta com a integração de trem e metrô. Por R$4,00 (estudantes pagam meia) é possível fazer uma viagem nos três andares da estação com direito a filmes, audição de leituras e módulos interativos.

Essa é a primeira instituição do mundo totalmente dedicada ao idioma natal de um país. O governador e candidato tucano à presidência, Geraldo Alckimin, participou da inauguração na manhã de ontem acompanhado de várias autoridades, entre elas, o ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Publicado no jornal Agora São Paulo, páginas A-5 e C-7
Imagem

Avatar do usuário
Tranca
Mensagens: 11193
Registrado em: 24 Out 2005, 13:57
Gênero: Masculino
Localização: Aqui, ó.

Re.: Viagem pela Língua

Mensagem por Tranca »

Presente para o Megas:

Imagem

Depois disso, pode visitar o museu.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

Roberto Campos

Avatar do usuário
spink
Mensagens: 3106
Registrado em: 08 Nov 2005, 11:10
Gênero: Masculino
Contato:

Re.: Viagem pela Língua

Mensagem por spink »

Já que o tema trata da língua pátria...

http://cienciahoje.uol.com.br/4256


Intolerância ou estrangeirismo abusivo?
Estudo mostra que críticas puristas não frearam incorporação de palavras estrangeiras ao idioma


Os brasileiros já se acostumaram a pedir o menu ao garçom no restaurante. No entanto, antes de se tornarem comuns no vocabulário, esses galicismos sofreram no passado severas críticas dos puristas lingüísticos. Um deles foi o gramático português Cândido de Figueiredo (1846-1925), extremamente intolerante às influências estrangeiras na língua pátria durante o século 19.





Mais de um século depois da morte do gramático, as palavras afrancesadas que ele combatia foram incorporadas ao vocabulário da língua portuguesa – que não perdeu sua identidade por conta disso. Porém, o tipo de crítica que Figueiredo fazia continua vivo e se atualiza com as novas contribuições, agora de influência inglesa e norte-americana: palavras como download, deletar e software, entre tantas outras, despertam a ira dos defensores contemporâneos da língua. Hoje, essa intolerância é demonstrada não apenas em livros, mas também em jornais e até em um projeto de lei.

Uma dissertação de mestrado recém-defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) mostra como a crítica – às vezes exacerbada – à incorporação de palavras estrangeiras à língua portuguesa não freou esse fenômeno no passado. A lingüista Maria Aparecida Cabañas analisou dois volumes (publicados em 1900 e 1912) do livro Estrangeirismos, de Cândido de Figueiredo, e constatou as marcas de intolerância lingüística no discurso do gramático. “Para Figueiredo, a língua era norma, tradição que deveria ser preservada, por isso a necessidade de combater os estrangeirismos”, afirma Cabañas no estudo.

Para completar a pesquisa, a lingüista verificou o uso dos termos em francês em diferentes meios de publicação atuais, como jornais, revistas, obras literárias e livros técnicos. “Apesar das severas críticas e do discurso intolerante, muitos dos galicismos rejeitados pelo gramático entraram para a língua portuguesa e continuam em uso e em pleno vigor”, diz ela. “Os resultados mostram que a importação de palavras é um fenômeno lingüístico importante na evolução das línguas.”

Essa conclusão indica que a defesa da língua não deve se fundamentar no preconceito e na intolerância: o papel do estudioso do idioma não deve ser o de engajar-se em uma disputa ideológica, contra ou a favor da incorporação de novos termos, como fez Figueiredo. ”Como lingüista, tenho que estudar cientificamente a influência estrangeira e tentar entender por que isso acontece de forma natural entre os brasileiros”, afirma Cabañas.

Resultados de estudos como esse deveriam ser levados em conta pelos parlamentares ao votar o projeto de lei 1676, de 1999, do deputado federal Aldo Rebelo, atualmente em trâmite no Senado, que obriga o uso e a preservação da língua portuguesa em toda e qualquer comunicação dentro do território nacional, incluindo os meios de comunicação, documentos e eventos públicos. Segundo o deputado, hoje presidente da Câmara, esse projeto de lei é uma maneira de o poder público proteger e incentivar o ensino e a aprendizagem da língua pátria, punindo o uso desnecessário, abusivo ou enganoso de palavras ou expressões estrangeiras.

"Admiro a conduta do parlamentar e compreendo os motivos que o levam a rejeitar os americanismos. Porém, tenho convicção de que não impediremos a entrada e o uso dessas palavras e expressões no português do Brasil através de leis ou decretos”, avalia Cabañas. Segundo ela, não é por meio de uma lei que o patrimônio nacional – incluindo a língua portuguesa – será protegido, e sim através da educação. “O povo brasileiro não valoriza a própria cultura e, conseqüentemente, a sua língua”, ressalta a pesquisadora. “Se houvesse maior apego ao nosso folclore, por exemplo, essa proteção ao idioma nacional aconteceria de forma espontânea”.

Contudo, a pesquisadora admite que, às vezes, a influência estrangeira parece excessiva e ameaçadora – um exemplo seria o uso abusivo no comércio de americanismos como sale ou off, que têm equivalentes corriqueiros em português (‘liquidação’ e ‘desconto’). “Esta é uma estratégia comercial que visa a persuadir consumidores”, analisa Cabañas. “Afinal, uma parcela considerável da população brasileira é fortemente influenciada pela cultura norte-americana."


Mário Cesar Filho
Ciência Hoje On-line
15/03/2006
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Trancado