Alunos são agredidos por seguranças da Supervia em vagões exclusivos para mulheres
Rio - Sete alunos do oitavo período de Enfermagem de uma universidade na Zona Oeste, entre eles dois homens, registraram queixa contra dois seguranças da Supervia na 33ª DP (Realengo), na manhã desta terça-feira, acusando-os de empurrá-los e agredí-los ao entrarem sem perceber no vagão exclusivo para as mulheres.
Os estudantes contaram que embarcaram às 6h15 na estação de Campo Grande com destino a Realengo, onde houve o tumulto. Eles disseram ainda que não sabiam da lei e que não havia informação suficiente no local.
Os dois vigias acusados devem comparecer à delegacia, acompanhados do advogado da empresa, para prestar depoimento.
Este é o segundo dia de funcionamento da Lei 4.733, que obriga as empresas responsáveis pelo transporte ferroviário (SuperVia) e metroviário (MetrôRio) a criarem vagões femininos, das 6h às 9h e das 17h às 20h, no dias úteis, e também o segundo dia de confusões.
Nesta segunda, homens ignoraram a separação, passageiras se rebelaram, vândalos danificaram os avisos e teve até caso de polícia: funcionária pública diz ter sido xingada ao reclamar de “invasores” na composição onde estava e foi prestar queixa. As concessionárias já admitem aumentar a segurança e até chamar a polícia para coibir “transgressores”.
Solange Araújo, 43 anos, servidora do Tribunal de Contas do Estado, registrou queixa na 4ª DP (Central) contra três homens que, após bate-boca, teriam a ameaçado. Ela embarcou pela manhã na estação Madureira da SuperVia em direção à Central e viu os rapazes no vagão exclusivo. Segundo ela, o grupo estava zombando das passageiras. “Exigi que saíssem, e eles começaram a gritar. Diziam que iam ‘quebrar tudo’ e ‘acabar com a palhaçada dessas vacas’, revoltou-se. A servidora contou que somente na delegacia um supervisor da SuperVia apareceu para se desculpar. A delegada Evanora Gomes de Moraes informou não ter pistas dos agressores e abriu inquérito para o caso.
Em outros vagões, a arma das mulheres contra os abusados era a vaia, seguida de sonoros gritos de “Fora!” e “Aqui homem não entra!”. “Se eu tenho esse direito, quero que cumpram. Tem cara-de-pau que está desrespeitando”, reclamou a auxiliar de escritório Daniele Tavares, 25 anos, na estação do metrô em Maria da Graça. Em algumas composições da SuperVia, homens arrancaram os adesivos que indicavam o carro exclusivo.
A Articulação de Mulheres Brasileiras criticou duramente a medida. “A separação é coisa do tempo da minha avó. É um retrocesso na luta feminina pela igualdade”, afirmou a coordenadora Rogéria Peixinho.
Transgressores alegam distração
Mesmo com faixas cor-de-rosa, no metrô, e adesivos com símbolo feminino, na SuperVia, homens tinham desculpa na ponta da língua para justificar a “invasão”. Distração, pressa e a presença de outros homens foram algumas. “Não vi a faixa, que deveria ser maior e estar na porta. Além disso, quando entrei, mulher nenhuma berrou”, contou o bombeiro Elmir do Amaral Paixão, 37 anos, que embarcou no metrô em Maria da Graça.
Já o lanterneiro Avanildo Félix da Silva, 40 anos, alegou que só embarcou no vagão da SuperVia, em Quintino, por ter visto outros homens. “Senão, pegaria outro, porque fiquei constrangido”, afirmou. Quem não obedeceu e foi alertado não gostou. “Até aprovo a medida. Mas fui tirado do vagão”, reclamou o engenheiro Cesário da Silva, 44 anos, no embarque do metrô da Pavuna.
Quem respeitou a lei teve que se contentar com a ausência feminina nos vagões. Foi o caso de Marcelo Ferreira, 23 anos. “Agora, a viagem vai ser muito sem graça. Será somente um bando de homens juntos”, acredita.
Até casal se separou. A doméstica Isabel Cristina, 46 anos, despachou o marido para fora do vagão especial do metrô, em Maria da Graça. “O segurança avisou, aí mandei sair. Mais tarde a gente se encontra”, justifica.
Os vagões mistos ficaram mais lotados que o de costume. Mesmo com a exclusividade da composição, nos sistemas ferroviário e metroviário, muitas mulheres optaram pelos carros tradicionais. Para essas, a presença masculina não causa constrangimento. “Vou no dos homens, que é bem melhor. Muita mulher junta não dá certo”, afirmou a doméstica Sandra Helena Gomes, 39.
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*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
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