Pistas para o Estudo Acadêmico de Psi no Brasil

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Aurelio Moraes
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Pistas para o Estudo Acadêmico de Psi no Brasil

Mensagem por Aurelio Moraes »

Pistas para o Estudo Acadêmico de Psi no Brasil

Prof. Dr. Wellington Zangari

Inter Psi/CENEP/COS/PUC-SP
Instituto de Psicologia - USP
wz@pesquisapsi.com

A maior parte dos interessados em Pesquisa Psi (Parapsicologia) são apenas pessoas curiosas no "poder da mente". Querem saber o que a ciência tem a dizer sobre telepatia, precognição, casas mal-assombradas. Buscam por informações rápidas, objetivas, claras.

Mas há uma minoria de interessados que querem ir além das informações superficiais. Querem conhecer as publicações especializadas, ter acesso aos sites mais bem informados, falar com os pesquisadores mais importantes e, sobretudo, querem produzir conhecimento novo nesse campo.

Essa tarefa não é fácil... mas não é impossível! Faço um testemunho. Ao definir meu próprio caminho, ao me dispor a ser um pesquisador psi, ouvi coisas como: "a universidade está fechada para esses temas", "os cientistas torcem o nariz para a Parapsicologia", "não há dinheiro para a pesquisa séria nessa área". Minha experiência pessoal nega, terminantemente, todas essas afirmações!

É claro que em meu caminho encontrei dificuldades. Não há sequer professores universitários que possam ajudar os alunos que pretendem se aprofundar no tema. Não há tradição no Brasil de que os cursos de pós-graduação aceitem que os alunos apresentem estudos psi. Mas, esse panorama, realmente desfavorável ao interessado em Pesquisa Psi, não significa que o caminho não possa ser trilhado. Mais: tal panorama pode estar mudando muito rapidamente!

Vamos às dicas que eu poderia dar a quem tem interesse de manter-se na academia, na universidade, tendo psi como seu tema de estudo.

1. Conclua um curso de graduação em alguma área convencional. Não existem cursos de graduação em Pesquisa Psi (Parapsicologia) nem no Brasil, nem fora dele. É fundamental que você se forme em uma área de seu interesse não apenas para que você possa se manter financeiramente - uma vez que poucas pessoas conseguem "viver de" Pesquisa Psi - mas também porque tal formação lhe dará informações básicas a respeito do que já há de conhecimento disponível pela ciência e outros saberes. Mas, a principal razão para se formar em um curso convencional é que é possível conseguir realizar estudos em nível de pós-graduação na área de Pesquisa Psi.

2. Enquanto estiver na faculdade, não deixe de ler material de qualidade em Pesquisa Psi. Leia as principais revistas especializadas, como o Journal of Parapsychology, o International Journal of Parapsychology, o Journal of Society for Psychical Research, o Journal of American Society for Psychical Research e o Journal for Scientific Exploration. Acompanhe listas de discussão especializadas disponíveis na internet. Leia os livros básicos da área, como o Introduction to Parapsychology, de Harvey J. Irwin, e o The Consciouss Universe, de Dean Radin. Essa informação constante o ajudará a se decidir, lentamente, a que área pretende se dedicar mais profundamente.

3. Uma vez formado, procure um programa de pós-graduação que possa dar guarida ao seu projeto de pesquisa. Sim, você precisará escrever um bom projeto de pesquisa. Para isso, é fundamental que você tenha clareza do que quer estudar. Suas leituras na área serão fundamentais nesse momento. Um projeto de pesquisa é composto, basicamente, pela descrição do objeto de estudo (o que você pretende estudar, especificamente), da problematização (as perguntas que você gostaria de ver respondidas pela pesquisa), das hipóteses (as respostas provisórias que você dará às suas perguntas iniciais), o método (o meio pelo qual você tentará obter as respostas que persegue) e o referencial teórico (basicamente, a teoria que você empregará para interpretar os dados. Fundamentalmente, dependerá da qualidade de seu projeto para que você seja ou não aceito em um programa de pós-graduação, como um mestrado ou um doutorado. Nesse momento, sua formação acadêmica prévia, seu conhecimento científico, de métodos e também de Pesquisa Psi pesarão muito. Seu tema deverá ser novo e deverá ter relação com a temática geral do programa de pós-graduação que você escolheu. Por exemplo, em meu mestrado, escolhi estudar a relação entre Pesquisa Psi e a Religião. Procurei o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP e meu projeto foi aceito sem qualquer restrição. Fátima Regina Machado, em seu doutorado, propôs-se a estudar os fenômenos Poltergeist como uma linguagem. Para tanto, procurou o Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Apresentou o projeto e não teve qualquer problema.

4. Para que a comunidade acadêmico-científica aceite seu projeto é importante lembrar alguns princípios que devemos seguir em Pesquisa Psi, e que devem ficar claros para seus professores e no projeto. Em primeiro lugar: psi é uma hipótese de pesquisa ainda em avaliação científica. Não apresente jamais, portanto, psi como um fato científico, como algo "provado". Psi, no máximo, deve ser apresentado como uma hipótese para a qual já temos boas evidências científicas a seu favor. Em segundo lugar, tenha claro que estudar psi não significa, necessariamente, assumir a existência de psi. Podemos estudar experiências humanas, como as experiências telepáticas, as experiências precognitivas, as experiências Poltergeist, as experiências fora do corpo, as experiências próximas da morte... sem interpretar tais experiências como sendo o resultado de algum processo "paranormal". Podemos estudar cada uma dessas experiências, por exemplo, interessados exclusivamente em como seus vivenciadores as interpretam, procurando saber a significação que têm em suas vidas, compreendendo sua importância nas relações inter-pessoais. Mesmo se estivermos interessados em realizar uma avaliação experimental de psi, devemos ter claro - novamente - que psi é uma hipótese. Por último, não caia na tentação de confundir Pesquisa Psi nem com Religião, nem com "Terapia Alternativa". A Pesquisa Psi é uma ciência, não uma visão de mundo. Pesquisa Psi estuda fenômenos alegadamente anômalos, não os assume com verdadeiros aprioristicamente e, menos ainda, como sendo fruto de espíritos, almas penadas e nem de qualquer divindade. Como não há conhecimento suficiente para qualquer aplicação prática de psi, a Pesquisa Psi não propõe nem apoia qualquer "terapia parapsicológica", nem mesmo qualquer "técnica de desenvolvimento da paranormalidade". Ainda que essas áreas sejam importantes para estudo, não devem ser aceitas como "práticas" da Pesquisa Psi.

5. Minha outra dica é sobre recursos. Se seu projeto foi aceito por um programa de pós-graduação, não hesite em enviá-lo para as agências de fomento à pesquisa. Eu e outros colegas já obtivemos bolsas de pesquisa para essa finalidade, o que significa que é possível consegui-las. Há, ainda, a possibilidade de conseguir recursos em fundações internacionais. É importante lembrar que nunca houve tantos recursos para a Pesquisa Psi em países latino-americanos quanto nos últimos anos. Grupos e pesquisadores argentinos e brasileiros têm recebido recorrentemente verbas para novas pesquisas. A principal instituição estrangeira que oferece bolsas de pesquisa na área é a Fundação Bial (http://www.bial.pt/). A cada 2 anos a Bial abre novas inscrições para avaliar novas solicitações. Os projetos são financiados com bolsas que vão de 5 a 50.000 Euros para dois anos de pesquisa. Leia as informações específicas para as candidaturas para este ano: http://www.bial.pt/gca/?id=17

6. Uma das maiores dificuldades dos interessados em Pesquisa Psi é a falta de interlocutores com quem se possa dialogar e aprender sobre o tema. Alia-se a isso a falta de material impresso de qualidade e atualizado, temos uma situação bastante difícil, sobretudo para quem deseja, seriamente, comprometer-se com a Pesquisa Psi como temática de pesquisa acadêmica. Assim, minha última dica é para que você use dos recursos que a internet propicia. Explico, o Mega-Portal Pesquisa Psi (http://www.pesquisapsi.com/) está repleto de textos, informações (indicações de leitura, FAQ de Fenômenos Psi, listas de discussão, links...). Estude esse material e, preferencialmente, o faça em grupo! Reúna algumas pessoas com interesse sério e científico em Pesquisa Psi e programa reuniões semanais. Saiba que o Inter Psi/PUC-SP tem programas especiais para dar suporte para grupos desse tipo (leia mais em: http://www.pesquisapsi.com/interpsi ). Para pessoas e grupos que já possuam conhecimentos avançados, o Mega-Portal Pesquisa Psi também oferece a possibilidade de publicar artigos (desde introdutórios até a técnicos), com o auxílio do processo de revisão por pares.

Essas foram minhas dicas. Mas, antes de me despedir, gostaria de fazer a mais importante de todas as recomendações: não acredite na palavra daqueles que dizem que a academia está fechada para a Pesquisa Psi. Eles nunca tentaram nada sério!

http://www.pesquisapsi.com/arquivos/bol-1.html#mat4

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Ulisses de Deus
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Re: Pistas para o Estudo Acadêmico de Psi no Brasil

Mensagem por Ulisses de Deus »

Lixo removido.

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DIG
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Re: Pistas para o Estudo Acadêmico de Psi no Brasil

Mensagem por DIG »

Tava demorando pro traveco do Gayst reaparecer...

Trancado