
ver 1 vitorinha elogiando hino de meu time.... NÃO TEM PREÇO!!!!!
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História de uma paixão
Adroaldo foi professor e jornalista. Como cronista esportivo, escrevia com o pseudônimo de Drodoala. Ele gostava de curtir os finzinhos de tarde no Clube Carnavalesco Fantoches da Euterpe, o mais animado da cidade, no tempo em que o Largo Dois de Julho era ponto de encontro da juventude.
Foi numa tardezinha dessas, em 1946, que um grupo de torcedores, tendo à frente Amado Bahia Monteiro, decidiu organizar a primeira torcida uniformizada do Bahia.
Eles queriam botar ordem na casa, com a ocupação de um dos lados da arquibancada do campo da Graça. Mas precisavam de uma música que soasse como o toque de avançar da massa tricolor.
O Ba-Vi ainda não tinha essa pressão toda que adquiriu a partir de 1953, quando o Vitória entrou no profissionalismo, mas enfrentar o rubro-negro já era alguma coisa de instigante.
Drodoala logo se ligou na história. Apaixonado pelo tricolor, o canto saiu de seu coração em pouquíssimo tempo. Foi só encostar no piano e dedilhar as teclas para a letra escoar de sua mente.
Era um tempo bem diferente e estranho. A torcida do Bahia, imaginem só, era minoria, e se apertava no lado B do Campo da Graça, mais ao sol. Quem se dava bem eram Galícia e Vitória, que dividiam o lado A.
Ao Ypiranga, o time do povo e mais querido, sobrava a geral, local de ingressos mais baratos. Nestes tempos democráticos de ampla distribuição da torcida, até o hoje quase extinto Botafogo tinha vez, também na geral.
Todo clube tem seu hino. Mas o do Bahia é especial. Adaptado ao reino da folia, se mantém nas paradas de sucesso desde a década de 50. Baêa! Baêa! Baêa!
Paulo Leandro
Que nos perdoem os torcedores de outros clubes baianos, mas Carnaval sem hino do Bahia não é carnaval. Não se tem notícia de qualquer canção popular relacionada a clube de futebol que balance mais esqueletos de todos os gostos futebolísticos. Nenhum hino vence em vibração o que foi composto por Adroaldo Ribeiro Costa para o seu querido tricolor.
O hino do Bahia é um fenômeno único. A música composta para enaltecer uma agremiação desportiva vira sucesso de Carnaval, espalhada em plenos decibéis pelos trios elétricos desde a pioneira iniciativa do Tapajós, nos anos 70.
Ecumênico, eclético, holístico, qualquer adjetivo desses bem integrais cai bem no hino de Adroaldo, que trabalhou em parceria com o maestro Agenor Gomes. A letra teve a inspiração de Adroaldo, mas a agitação do hino trieletrizado é mérito de Gomes, embora estes detalhes sejam pouco divulgados entre os tricolores, acostumados a cultuar cartolas.
O hino do Bahia é uma história de amor imortal, impossível de ser compreendida nos padrões contemporâneos. Antes, o clube era objetivo de doação, ao invés dos tempos de hoje em que políticos e banqueiros dilapidam boas oportunidades de seu patrimônio humano e material.
Prova deste amor sem malícia foi demonstrada por Adroaldo, ao entregar o hino ao clube, em uma carta anexada. Oferecia todos os recursos por direitos autorais ao clube. E mais: pediu que não fosse revelada a autoria.
O autor sonhava com um hino que ficasse para a história como um canto espontâneo, nascido das arquibancadas. Durante muitos anos, o segredo foi mantido, mas um dia a informação vazou e Adroaldo obteve o merecido reconhecimento por ter descoberto a preciosidade musical.
DO POVÃO ¿ Até hoje, no entanto, o hino guarda um pouco do perfil idealizado por Adroaldo. A cada vez que é entoado nas arquibancadas, soa como se a interpretação em uníssono da torcida estivesse legitimando a propriedade coletiva de sua criação.
A quem derramava elogios pela maravilha da inspiração, Adroaldo retribuía assim: ¿Foi a forma que encontrei de devolver tantas alegrias que o Bahia me proporcionou, além da felicidade de compor um hino que o povo canta com tanto entusiasmo¿.
Poucas referências ao hino do Bahia podem ser encontradas na biblioteca. Uma das exceções cabe a Newton Calmon e Carlos Casaes, em ¿Bahia de Todos os Títulos¿, editado em 1969. Outras boas pistas da origem do hino estão em ¿História do Ba-Vi¿, outro presente de Calmon à frágil memória do futebol baiano.
De acordo com estes autores, o hino teria surgido em 1946. Agenor Gomes fez a instrumentação, enquanto o tricolor João Palma Neto reuniu um coro de torcedores e convenceu a Banda do Corpo de Bombeiros para a primeira gravação. Uma história de amor e música que ficou pra sempre.