Dura de matar

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spink
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Dura de matar

Mensagem por spink »

Folha de S.Paulo escreveu:Marcos Nobre

Dura de matar

JORGE BORNHAUSEN disse que ia se ver livre "dessa raça" nas eleições de 2006, referindo-se em especial ao PT, mas mirando em qualquer coisa que pudesse parecer remotamente de esquerda.
E o feitiço não se voltou apenas contra ele e seu partido, mas contra quem que se dizia protegido por santos de toda sorte, como era o caso de ACM na Bahia. As posições se inverteram de tal maneira que a questão agora é: será que o PFL conseguirá sobreviver como um dos quatro grandes partidos?
E o problema não é trivial, já que o modelo instaurado por FHC previa um pólo político de dupla sustentação, com a aliança entre PSDB e PFL, e outro pólo com um PT solitário, se debatendo para encontrar aliados, emparedado contra um PMDB sempre dividido e instável.
No primeiro mandato de Lula, uma aliança com parte do PMDB só se realizou após o mensalão. Foi uma aliança ainda episódica, por pura necessidade de sobrevivência. Uma aliança efetiva só se deu durante as eleições.
O segundo mandato de Lula vai montar um pólo político de dupla sustentação, com PT e PMDB, ao mesmo tempo em que vai minar como puder o bloco PSDB-PFL. Será uma estratégia de isolar o quanto possível o PSDB, tarefa facilitada pelo próprio declínio do PFL, que não deverá governar nenhum Estado, apenas o Distrito Federal. Deve perder até mesmo Roseana Sarney para o PMDB.
Teve a maior perda proporcional de bancada na Câmara (quase 20%) e, sem o governo de Estados eleitoralmente importantes, deverá perder mais deputados e prefeitos para outros partidos. Só se mantém forte no Senado porque a Casa tem uma "inércia política" muito grande, com mandatos mais longos e um grande número de ex-governadores.
Em sua série de livros sobre a ditadura militar, Elio Gaspari lembra que o general Golbery era "o feiticeiro". Pode-se discutir a estatura política e a qualidade dos feitiços de cada um dos personagens, mas atribuir a Bornhausen o mesmo título parece apropriado.
Afinal, o PFL nasceu de uma dissidência um pouco menos curta de vistas do partido oficial da ditadura. Teve destino eleitoral e político superior ao seu ninho original.
Tanto que passou quase duas décadas se orgulhando de ser o partido com maior capilaridade política do país, atingindo os rincões mais profundos. Tudo isso acabou nestas eleições. Ditaduras demoram a morrer, mesmo depois que acabam. O atual encolhimento do PFL é uma das mais importantes e significativas mortes da ditadura militar brasileira.
Jorge Bornhausen vai ter de agüentar bem mais que a "raça petista". Terá de agüentar o resultado de uma eleição democrática que pode fazer com que o PFL venha a se juntar em futuro não tão distante ao time dos pequenos partidos brasileiros.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Trancado