Famílias judaicas são registradas antes abandonar o Iraque, nos anos 50

A situação dos refugiados palestinos, pessoas que abandonaram suas casas em razão dos conflitos entre árabes e israelenses, é tema recorrente na imprensa mundial. Já uma outra conseqüência da violência no Oriente Médio é pouco conhecida. Milhares de judeus foram obrigados a abandonar suas casas e familiares em países árabes.
Mesmo que estas pessoas não sofram diretamente hoje em razão de conflitos que ocorreram há mais de cinco décadas, caso de muitas famílias palestinas, os refugiados judeus estão se organizando no mundo todo para tornar sua história conhecida. A Campanha Internacional por Direitos e Reparação desembarcou esta semana no Brasil, onde pretende registrar todas as cerca de 1,5 mil famílias de origem judaica que vieram ao país nesta situação.
- O propósito é registrar os testemunhos, as histórias, dos judeus que deixaram os países árabes em razão do conflito árabe-israelense. Quando o mundo fala em refugiados, só pensa em refugiados palestinos, e é verdade que seu sofrimento continua até hoje. Mas o mundo não se dá conta de que também existem refugiados judeus - afirma o canadense Stanley Urman.
Coordenador da campanha, Urman está no Brasil para seu lançamento. Segundo ele, nos 20 anos que se seguiram à criação de Israel, em 1948, cerca de 1 milhão de judeus foram forçados a deixar suas casas em países como Iraque, Líbia, Líbano e Egito. Embora o foco atual da campanha não seja compensação financeira, como seu coordenador faz questão de salientar, o cadastramento das famílias inclui os bens que deixaram para trás.
- Todas as pessoas que foram vítimas, que tiveram seus direitos humanos violados, devem ter justiça - defende Urman.
O movimento não ignora o sofrimento dos refugiados palestinos, mas defende um tratamento igual para os judeus em qualquer eventual acordo de paz que venha a ocorrer. Segundo uma estimativa da Organização Mundial de Judeus dos Países Árabes (Wojac, na sigla em inglês), as perdas das famílias judaicas nesta situação chegam a US$ 100 bilhões.
A maioria, aproximadamente dois terços, recomeçou sua vida em Israel, com auxílio do governo. Estados Unidos e a Europa Ocidental, principalmente França e Grã-Bretanha, foram os destinos preferidos pelos demais.
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