Dica de filme: Ato Terrorista

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O ENCOSTO
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Dica de filme: Ato Terrorista

Mensagem por O ENCOSTO »

Ato Terrorista mostra olhar de imigrante em Nova York

http://cinema.terra.com.br/ficha/0,,TIC ... es,00.html

Ato Terrorista é o primeiro longa-metragem americano a tratar do tema, visto pelos olhos de um terrorista muçulmano. O filme conta a história de um imigrante paquistanês que integra uma célula terrorista islâmica em Nova York.

Embora não procure evocar no espectador qualquer simpatia pelos objetivos perversos do protagonista, nem deveria, é claro, faz um bom trabalho ao expor as motivações políticas básicas que estão por trás do terrorismo islâmico.

Infelizmente, em termos de trama, seu pico narrativo ocorre na metade do filme, e depois disso a história perde força.

O segundo longa-metragem do diretor Joseph Castelo deve atrair um público politizado nas grandes cidades. Seu sucesso de bilheteria vai depender de os críticos considerarem que faz uma análise suficientemente aprofundada de seu tema.

A história é baseada numa idéia do ator principal, Ayad Aktar, que co-assina o roteiro em conjunto com Joseph Castelo e Tom Glynn.

Hassan (Aktar) é preso nas ruas de Paris e deportado a Karachi porque seu irmão, que morreu, era terrorista. No Paquistão, o jovem moderado se radicaliza, e então se muda para Nova York para integrar uma célula terrorista que planeja explodir a estação Grand Central.

Hassan vai viver com amigos paquistaneses que não se interessam por seus objetivos terríveis. O ataque acaba sendo cancelado em função da intensificação da segurança, e Hassan tem pouco tempo para ouvir opiniões contraditórias sobre suas idéias. Mas ele já se radicalizou demais para mudar de idéia, e continua com seu plano de lançar um ataque suicida contra a estação.

A primeira metade do filme é boa. Castelo se move entre cenas rápidas da radicalização de Hassan, em Karachi, e seus esforços para planejar o crime em Nova York. O ritmo e a edição são ágeis e impelem a história para a frente, ao mesmo tempo em que deitam as bases para uma análise psicológica do candidato a assassino em massa. Mas tudo se desfaz na metade do filme.

Quando o ataque é suspenso, a história de repente se vê sem ter para onde ir. Castelo gasta algum tempo deixando os personagens expressar suas opiniões sobre o imperialismo ocidental. Mas qualquer análise séria dos personagens é abandonada em favor de uma trama confusa que envolve um romance e os planos para uma nova atrocidade terrorista.

O diretor deixa a parte mais interessante da história de fora. Uma das questões mais urgentes de hoje é o que leva jovens aparentemente não violentos e relativamente bem de vida a se tornarem homens-bomba.

Castelo nunca chega a se aprofundar mais nessa questão, exceto por distribuir algumas reflexões casuais sobre a política externa dos EUA. As razões que levam Hassan a tornar-se homem-bomba não são suficientemente exploradas, e as que são propostas não são novas, mesmo para quem tem um conhecimento apenas superficial da política contemporânea.

Um filme britânico de 1997, Meu Filho, o Fanático, fez uma análise muito melhor de como e por que jovens muçulmanos se radicalizam.

Considerando o perigo claro e imediato representado pelo terrorismo islâmico, é espantoso que nenhum cineasta independente americano tenha ousado tratar desse assunto antes. Assim, apesar dos problemas narrativos de Ato Terrorista, é salutar que Joseph Castelo, com o apoio da HDNet Films de Nova York, tenha decidido fazê-lo diretamente.
O ENCOSTO


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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

Trancado