user f.k.a. Cabeção escreveu:Isso é falso e absurdo. O mercantilismo e o colonialismo são fenômenos muito anteriores ao liberalismo, que só surgiu como teoria à época das Revoluções Americana e Francesa, e como prática mainstream no mundo desenvolvido, apenas em meados da década de 70 do século XX.
E os interesses expansionistas e nacionalistas por de trás dos conflitos da Primeira Guerra só tem relação com o liberalismo na sua cabeça.
E nem tudo isso somado à Inquisição e às Cruzadas (outros empreendimentos liberais, para você) consegue equiparar a quantidade de mortos contabilizada pelos regimes e guerras comunistas.
A oposição formal entre a expansão de mercados e o pensamento liberal só existe no papel devido aos problemas morais ocasionados pela própria doutrina mercantilista. Na prática, a abertura de novos mercados sempre foi essencial à geração de riqueza e a manutenção de uma classe burguesa em plena ascensão na Europa.
Não admira que os movimento clonialistas culminaram na primeira grande guerra, quando esse suposto pensamento liberal já estava muito bem instituído no continente.
A relação formal da Primeira Guerra se dá com o capitalismo. O liberalismo é uma teoria de pano de fundo que se apóia nesse modo de produção. Simples assim.
E se você qusier encarnar a guerrinha do "Livro Negro do Capitalismo" contra o "Livro Negro do Comunismo", vá em frente. É estúpida.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Dane-se a cabala. Estou falando de cristianismo.
E o cristianismo parte de quê, meu filho? A noção de "multi-interpretações" tá valendo da mesma forma.
user f.k.a. Cabeção escreveu:A premissa básica do cristão é identificar Cristo e Deus. Se negam a divindade de Cristo, não são cristãos.
Continuo perguntando o porquê. Alguém que simplesmente não identificar Cristo como um exemplo de vida não pode ser um cristão? Por que?
user f.k.a. Cabeção escreveu:Claro que não. O conhecimento bíblico equivale ao conhecimento das pessoas no seu tempo, e é óbvio que o que estaria expresso ali, revelado por Deus ou não, se daria em termos compreensíveis para aquelas pessoas.
Que positivismo mais raso! E quem é que define o que vem a ser a "verdade absoluta" expressa no documento? Você? Os hermeneutas? As interpretações são variadas! São raros os juízos objetivos que não chegam a dar margem a mais de uma interpretação na obra!
user f.k.a. Cabeção escreveu:Você está confundindo completamente as coisas. Enquanto eu falo de valores tradicionais cristãos que são mantidos até hoje e indentificados ao próprio cristianismo, você fala de conhecimentos contigenciais que alguns cristãos tiveram ao longo do tempo.
Entendo a sua separação, embora abra (parcialmente, assim como você) um leque mais amplo de onde terminam os tais "valores inerentes" e onde começam os "conhecimentos contingenciais".
user f.k.a. Cabeção escreveu:A Bíblia há muito tempo é compreendida pelos próprios cristãos como um apanhado de valores
fundamentais organizado na forma de alegorias e narrativas longas, pois essa era forma mais comum de transmissão de conhecimento na época em que foi escrita. E dessa forma, mesmo que venha escrito na Bíblia que o Sol gira em torno da Terra, isso não faz parte do que é tido como bíblico, pois não faz parte do escopo dela discutir questões de dinâmica dos corpos celestes, e uma aparente incorreção nesse aspecto nada mais seria além da forma como o redator tentou abordar o tema sem entrar em contradição com o conhecimento comum da época. Só cristãos e ateus fundamentalistas que vêem nesse tipo de questão algo a ser discutido seriamente.
Meu Deus, que malabarismo retórico...
Se a Bíblia é a palavra revelada, tudo aquilo que está colocado lá DEVE ser verdade. Se é construção humana, pode falhar.
Ninguém é mais cristão ou menos cristão por aceitar um aspecto em detrimento de outro.
user f.k.a. Cabeção escreveu:É muito mais pertinente se perguntar porque existem trechos bíblicos que parecem, por exemplo, ser favoráveis à escravidão. Esse com certeza é um tema dentro do escopo bíblico, e não científico, já que a ciência nada pode dizer sobre a moral de uma sociedade escravocrata, ainda que cada cientista possa ter sua opinião própria acerca do tema.
De pleno acordo.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Percebeu a diferença entre o que é uma discussão científica e o que é uma discussão metafísica, e que a bíblia é um livro que se ocupa da segunda questão, e que para os cristãos, é infalível ao tratar desse tema? E que rixas entre ciência e o cristianismo só existem devido a boçalidade de fundamentalistas de ambos os lados?
Outro malabarismo retórico para separar a "palavra metafísica" da "palavra científica" da Bíblia...
Só não explicita, então, o porque da noção metafísica ter necessariamente de ser infalível e, ainda por cima, na parte metafísica, onde a obra é mais alegórica, porque é que a interpretação oficial de Roma está correta em detrimento das outras.
user f.k.a. Cabeção escreveu:A corrupção dos meios eclesiáticos ou o julgamento de hereges são raízes tradicionais do cristianismo, ou são práticas contingenciais e até locais da Igreja?
A primeira se encaixa no contigencialismo. A segunda depende da interpretação feita.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Dou logo o nome da obra inteira:
Teologia do cativeiro e da libertação – Leonardo Boff, 1976
Nesse ensaio o autor costura as ligações da teologia da libertação com as práticas marxistas (pilhar, matar e roubar que todos conhecem). Esse texto e o Igreja: Carisma e Poder, que criticava o papa João Paulo II, levaram o cardeal Joseph Ratzinger (agora papa Bento XVI) a decidir por sua excomunhão.
Ah, então agora você vai ter de me mostrar onde é que "pilhar, matar e roubar" sejam práticas revolucionárias na obra marxista. Para Marx, essencialmente, as más condições dos trabalhadores ocasionariam uma revolução que levaria a classe trabalhadora ao poder. Certo ou errado (e eu considero tudo isto bem errado), o fundamentalismo direitista fez questão de inventar o resto.
De resto, goste ou não (e eu não gosto de Boff), são todas críticas válidas de um cristão à sua Igreja. Nada mais natural.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Ou seja, você está chamando a "base ideológica" de símbolos, e nisso não está fazendo qualquer distinção com o que eu chamo de valores tradicionais. Na verdade, a sua manobra é mais uma tentativa de enfeitiçamento lingüístico do que um recurso argumentativo válido.
De onde você tirou isso? A base ideológica se dá na interpretação dos símbolos (no caso, Cristo ou Deus), ela não representa os símbolos em si. Quanto à não distinção aos seus "valores tradicionais", eu já tratei dessa questão alguns quotes acima.
user f.k.a. Cabeção escreveu:De qualquer forma, existe alteração no conteúdo e nos valores, logo, se tratam de coisas diferentes.
Nunca neguei isso. Minha rixa se deu com a sua mania de tentar legitimar uns cristãos como "verdadeiros" em detrimento de outros quando não existem critérios nenhum (senão valorativos ou ideológicos) para legitimar essa questão.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Talvez eu me arrependa de perguntar, mas tem alguma sugestão alternativa?
Não. E você sabe muito bem disso.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Óh, claro. Segundo o que você disse logo acima, o Brasil é pobre porque os mercantil-liberais (sic) portugueses roubaram todos as nossas árvores de pau-brasil, nos impedindo de tornar uma nação competitiva exportadora de capital e fabricante de nanochips e naves espaciais.
Nada tem a ver nosso subdesenvolvimento com nossas repetidas experiências de populismo, de autoritarismo nacionalista, de intervencionismo, de insurgência subversiva, com nosso capitalismo de compadrio e com nossas frágeis instituições democráticas tomadas sempre de assalto pelos clepto-totalitários da vez.
Nosso subdesenvolvimento é culpa do liberalismo.
Não, cara pálida, só realcei que um mundo plenamente desenvolvido é impossível, visto que existem muitos interesses capitalista ligados à exploração e que toda grande economia necessita de abismos econômicos. A exceção se dá nas economias de consumo que, entretanto, vivem de capital alheio e sua base exploratória é internacional.
Nossa pobreza tem zilhares de fatores. Desde os problemas de legitimação nacional causadas pela ausência do faotr nação anterior ao fato Estado até a nossa tosca aposta no agrarismo ao passo que parte do mundo se industrializava. Passa também pelos problemas de mercado e pelas impossibilidades práticas de se desinchar o Estado. Tem ainda relação com a "quase ausência" de economia local devido ao sistema de exploração colonial de exploração. Tem, sobretudo, relação com a dominação "de cabresto" desencadeada pela mesma classe dominante que rege o país desde os seus primórdios.
Só não sou economista pra ficar tratando essas questões de maneira aprofundada.